segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ASSIM FALOU FATOU: “-EUROPA: O aquário do mundo! “


Por Lis Carvalho

Enquanto jovens de hoje e de ontem morrem a beira da liberdade deixando seus anjos de areia como carimbo desse mundo de contradições que é o globalizado, ecoam pela internet, fruto positivo desse mundo globalizado, o grande discurso da escritora africana das terras européias, assim falou Fatou 

Dione:
“Essa gente que morre na praia(...)se fossem brancos o mundo inteiro estaria tremendo, mas são os negros e os árabes! Então, quando eles morrem, eles custam menos(...)
O SENHOR NÃO VAI FICAR NO SEU AQUÁRIO COMO UM PEIXINHO DOURADO DENTRO DA FORTALEZA EUROPÉIA! A EUROPA NÃO VAI SER POUPADA ENQUANTO HÁ CRISE AO REDOR DO MUNDO!
Basicamente: VIVEMOS EM UM MUNDO GLOBALIZADO, VOCÊS COMEÇARAM ISSO!”



Sente aí juventude, precisamos falar de um assunto grave, ressoam por anos, os estragos causados por um jovem esquizofrênico que ascendeu o fascismo por toda europa e ainda mais, os resquícios de um fascismo europeu disfarçado de empreendedorismo, de globalização. Ele, mera peça nesse tabuleiro, entrou na África sequestrou reis e escravizou nações, ele redescobriou o Brasil o cobrindo de sangue indígena, ele criou um muro dividindo a Alemanha, um dividindo a Coréia, outro dividindo a América e milhares em todo mundo árabe. Sempre introduzindo a pequena mentira de que de um lado havia a imundice, essa sujeira que só a moral xenofóbica com suas lupas e luvas reconhece. Agora olhem para os EUA, procurem em sua história quais foram os discursos usados contra povos estrangeiros e verão o reflexo da xenofobia e conflitos de todo mundo: de um lado os rivais econômicos detentores do petróleo, os terroristas árabes, do outro a herança da escravidão, os traficantes negros, antigamente os sujos judeus, hoje os sujos mexicanos. Mas nada disso é sua culpa, você não poderia saber que seus tataravós fariam isso, você é diferente, você é a primeira geração da globalização e você cresceu como correspondente de um jovem mexicano do exército AZLN que cobre o rosto, você não consegue entender como alguém pode matar estudantes como você apenas por um reinvindicação, você compartilhou e curtiu ideias de jovens que passaram pela Febem e foram uma pequena fração dos jovens negros que sobreviveram, todos os dias você espreme o jornal e sai sangue, para todos os lados que olha enxerga o colapso, o mundo em choque e poderia ser tudo mais simples, você veio de uma nação calada pelo pau de arara e você quer paz.


Você podería culpar toda a nação americana, ou toda nação européia, alemã, mas ter esse toque não é culpa de quem o carrega, vem de uma ideia errônea contruída em suas morais, de que eles conseguirão ser maiores, superpotências, que terão a exclusividade de acesso às riquezas subtraídas, que serão as raças arianas, os peixinhos dourados da vez. São crianças sequestradas pelo espírito liberalista e submetidos à anos de uma terrível Síndrome de Estolcomo, “estou como você me faz” e por trás desse aquário, alimenta o chefe imperialista, os grandes bancos, os herdeiros, eles são em verdade, meros fantoches nessa falsa realidade que o American Dream tentou criar.


A África sempre foi o celeiro do mundo globalizado, primeiro tiveram seus reis entregues à escravidão e levados para trabalhar em minas de todo mundo, depois com suas terras cercadas, subtraídas e transformadas em campos de batalha, seus filhos tinham o emprego de recolher minas explosivas e quando trocaram as minas pelos cacos de ovos,  quando o mundo liberal-econômico entendeu que assim estaria restringindo um grande gerador econômico e decidiu-se pelo fim da escravidão, a prática e o senso comum foi outro.  Nascem as grandes facções fascistas, grupos xenofóbicos, KKK, a propaganda nazista consegue fervor na mídia norte-americana, o apartheid explode e deixa o caos até hoje, AUMENTAM-SE OS MUROS.


Porque o mundo está em meio a tantas crises? O grande defeito do pensamento neoliberal é querer se encaixar na globalização, porque se de um lado ele dá o poder de retirar diamantes da África a custo de muito sangue, por outro ele faz ecoar a voz do trabalhador chinês explorado, ele miscigena, ele cria gerações independentes, laicas, ele faz a massa grega, portuguesa e todas arrochadas pela austeridade dos grandes bancos se revoltarem, ele transforma o mundo numa grande Neopangeia. Todos em toda parte do mundo querem apenas uma coisa: o fim do Estado de Excessão, da banalidade do mal, das barreiras, todos querem a liberdade de ir e vir, de chegar bem do outro lado, de não enfrentar a ganância ou a esquizofrênia de uma criança com uma bomba atômica ou seu primeiro rifle, ou ainda de alguns magnatas europeus, seja os Troika, seja a ideologia de fascistas como o candidato à presidência dos EUA, que quer aumentar os muros de contenção contra os mexicanos.


Acontece que estamos numa geração aonde o acesso a informação nos faz cada vez mais nos colocarmos no lugar de pessoas distantes. Colocamos a justiça e a moral numa só balança: “será que aquela mulher merecia ser apedrejada?” “será que aquele pobre merecia ter seu barraco arrancado por Pezão?”, e quando essa ficha cai aquela velha história da Torre de Babel retorna, quando você começa a considerar que poderia ter nascido em qualquer país, ser de qualquer religião, classe,  estar em qualquer família, nos tornamos seres menos enrijecidos, criamos uma geração mais independente, livre de amarras, nós simplesmente abrimos a porta, seja para um mendigo, ou para um refugiado, ou para alguém que iria ser apedrejado, dividimos nosso alimento, oferecemos para ele uma oportunidade de crescer, adotamos, aconselhamos.
Porque se dentro da democracia que a globalização impõe reivindicamos melhorias sociais para nossos vizinhos, somos todos contra a ‘corrupção’, em larga escala não podemos ver a miséria e a banalidade da vida se espalhando, na voz dos desalojados pela Copa “Nós queremos teto!”, simplesmente porque isso é básico, todos querem teto, todos querem paz. Por isso gritamos Somos todos Amarildo, somos todos Assange, somos todos solidários e queremos nossa parcela positiva da globalização. Vocês que nos exploraram, os Guarani Kaiwoá exigem suas terras! Nós exigimos nossa prestação de contas. A Síria não quer asilo! A Síria exige asilo! Vamos lá mundo globalizado! Abram os portões de suas muralhas!

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